1. El cursado se realizará en formaasincrónica y virtual,
a través de la plataforma Moodle UNS (Universidad Nacional del Sur).
Allí se encontrará el material pedagógico que cada profesor o profesora a
cargo del Módulo ofrecerá. Entre ellos, se encontrarán documentos
elaborados por el o la docente, videos, bibliografía específica, etc.
Asimismo, allí se realizarán los foros de debate pertinentes de cada
Módulo.
2.
La Diplomatura cuenta con 8 Módulos en total, que se cursarán a lo
largo del último cuatrimestre del año, comenzando el 11 de agosto. Esto
es, se cursa 1 Módulo cada dos semanas, por lo que cada mes tendrá 2
Módulos pedagógicos a abordar.
Los Módulos proyectados para esta edición son:
a.Regímenes de acumulación. Entre la geopolítica, los conflictos sociales y las
políticas públicas (Dr. Francisco Cantamutto)
b.Las nuevas formas de la guerra en el siglo XXI (Dr. Claudio Gallegos)
c.Teoría de las Relaciones Internacionales (Dra. María Jimena Irisarri)
d.Doctrinas de Defensa y Derechos Humanos (Dra. Sonia Winer)
e.Estados Unidos – América Latina en un contexto de transición hegemónica
(Dr. Leandro Morgenfeld)
f.Historia de la Economía, la Política y la Integración (Dra. Cecilia Miguez)
g.Modelo extractivo y conflictos por el territorio (Dra. Agostina Costantino)
h.China como actor geopolítico global: claves estratégicas del siglo XXI. (Mg. Marcos Fernández Peña)
Leandro
Morgenfeld, especialista em Relações Internacionais, comenta lawfare
contra Cristina e relata a situação dramática do país vizinho sob o
governo Milei
A atual situação política, social e econômica da Argentina é muito
diferente da suposta estabilidade defendida pela mídia hegemônica
brasileira, que defende o governo de extrema direita de Javier Milei
como um exemplo para a América Latina.
Para explicar o que está acontecendo no país e por que Milei é crucial aos interesses dos Estados Unidos no continente, Opera Mundi
conversou o historiador e professor da Universidade de Buenos Aires
(UBA), Leandro Morgenfeld, durante sua visita ao Brasil para o
lançamento do livro Nuestra América, Estados Unidos y China (CLACSO, 2025).
Morgenfeld é membro do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais
(CLACSO), onde coordena o Grupo de Estudos sobre os Estados Unidos.
“Estamos perto de um estado de sítio na Argentina”, avalia, ao citar
como exemplos da ofensiva da extrema direita, os ataques semanais da
polícia contra os aposentados que protestam no país e o decreto
presidencial que permite prisões sem mandado judicial.
“Nunca tivemos um presidente argentino tão ligado aos
norte-americanos”, aponta o especialista em relações internacionais. Em
sua avaliação, “o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os Estados
Unidos estão sustentando Milei, porque não querem que a Argentina se
vire, novamente, para o peronismo”. O movimento, afirma, é parte de uma
guerra híbrida em meio às disputas hegemônicas globais que ele explica
em detalhes nesta entrevista.
O acadêmico também falou sobre a situação da ex-mandatária Cristina Kirchner (2007-2015), que foi visitada na última quinta-feira (03/07) pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva,
em sua prisão domiciliar, em Buenos Aires. Ela é vítima de uma
condenação considerada por alguns juristas como uma operação de lawfare,
em meio a uma escalada de repressão das forças populares no país
vizinho, governado pela extrema direita desde dezembro de 2023.
Especialistas dizem que, em termos jurídicos, sua condenação é um
desastre judicial, um caso clássico de lawfare. Cristina não pode mais
ser candidata a nenhum cargo público. Está em prisão domiciliar, usando
uma tornozeleira eletrônica, sem poder receber convidados.
É importante destacar que a Suprema Corte da Argentina tem apenas
três juízes, porque não houve maioria no Congresso para selecionar os
demais. Dos três, dois foram nomeados por decreto pelo então presidente
Maurício Macri, o que é ilegal. Depois, eles foram validados pelo
Congresso, mas a Suprema Corte é muito parcial e, por conta disso, todos
afirmam que a decisão é parte de lawfare. Frente à ofensiva, até mesmo os críticos ao peronismo se uniram em defesa de Cristina.
A pressão não é só interna. Marco Rubio, atual secretário de Estado
de Donald Trump, é um inimigo antigo dos Kirchner. Enquanto era senador,
ele pressionou o governo Biden para estabelecer sanções contra ela,
seus filhos e funcionários. Agora, no governo Trump, as sanções foram realizadas.
Isso é parte de uma pressão dos Estados Unidos para marginalizar uma
dirigente política que, goste-se ou não, é uma das mais populares da
Argentina.
Opera Mundi: Como você avalia o governo Milei?
Leandro Morgenfeld: Nós estamos cada vez mais
próximos de um estado de sítio. No dia 17 de junho, o governo argentino
editou um decreto presidencial que permite à polícia deter às pessoas
sem decreto judicial.
Se a polícia te considerar suspeito por algum motivo qualquer, ela
pode te prender sem ordem judicial. O decreto também a autoriza a
espionar as redes sociais, sem ordem judicial. Isso também acontece nos
Estados Unidos, nós temos colegas com green card que estão apagando seus comentários nas redes sociais em autocensura.
Milei é um economista outsider da política, que se diz ‘libertário’ e
defende que o Estado não deveria existir, apenas o setor privado. Ele
defende um Estado mínimo com apenas as Forças Armadas, segurança interna
e a provisão da Justiça, sem educação, saúde, políticas sociais. É uma
visão ultra neoliberal. Tudo gira em torno da oferta e da demanda.
O orçamento das universidades, da ciência e tecnologia, dos hospitais e da saúde pública, tudo está quebrando.
Ele está tentando mudar a sociedade argentina, não somente a economia,
mas a política e a sociedade. Ele diz que o Fórum de Davos está
controlado pelos comunistas. É um negacionista das mudanças climáticas,
contra a luta do feminismo, contra o aborto legal, que chama os gays de
pederastas.
Opera Mundi: Como estão as mobilizações?
Leandro Morgenfeld: Ano passado, ocorreram duas
grandes mobilizações das universidades e ele teve de recuar. A
universidade pública e gratuita é muito importante na Argentina. São
mais de dois milhões de universitários, 5% dos argentinos têm acesso
irrestrito ao ensino superior e são mais de 60 universidades nacionais
públicas pelo país. A Universidade de Buenos Aires (UBA) tem mais de 300
mil estudantes.
A resistência é forte,
mas Milei tem base eleitoral. Nós estávamos com uma inflação anual em
250%. Com a queda da inflação e do dólar, duas semi estabilidades, ele
garantiu o apoio de, pelo menos, metade da população. Como Trump, Milei
foi exitoso ao se apresentar como um outsider da elite política para os
que perderam a esperança com os partidos tradicionais. ‘Eu sou como
vocês’.
Há um todo um contexto de crise do emprego, de trabalhadores
uberizados, do surgimento de uma visão ultra-individual que embarca no
discurso de que o Estado é ladrão. Então, se chega uma pessoa dizendo
que o Estado deve ser mínimo, as pessoas votam.
Opera Mundi: Como estão as forças políticas hoje? Há alternativas no peronismo
Leandro Mongerfeld: Milei também está destruindo a
direita. Em maio, o seu partido, A Liberdade Avança (LLA, por sua sigla
em espanhol) venceu as eleições legislativas na cidade de Buenos Aires,
governada pelo Proposta Republicana (PRO), partido próximo à direita do
PSDB, do ex-presidente Maurício Macri.
Macri tinha sua própria candidata, Silvia Lospennato, mas Milei apoiou outro candidato, uma pessoa muito desagradável, Manuel Adorni que ganhou com 30%, vencendo o peronismo que o obteve 27% e o PRO, com 16%. De forma geral, o LLA e o PRO estão juntos contra o peronismo.
O problema é que o peronismo está muito dividido. Eles têm maioria no
Senado e um bloco importante na Câmara dos Deputados, governam a
principal província, Buenos Aires, que têm 40% do PIB do país. Para as
eleições presidenciais, daqui a dois anos, dois nomes se destacam: o do
atual governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, que venceu as eleições
com 20 pontos de diferença, é apontado como candidato natural. E o de Juan Grabois, candidato a pré-presidente dentro do União Pela Patria.
Kiciloff governa a província mais complexa da Argentina, a mais
industrializada, que tem uma pobreza grande e precisa do apoio do
governo central, mas hoje esse apoio não existe. Já Grabois, muito amigo
do papa Francisco, é ligado aos movimentos sociais. Ele nunca ocupou um
cargo público, coordena os movimentos populares e durante o governo
Milei, sempre esteve na rua.
Opera Mundi: Dizem que é o bolso quem manda nas eleições, como está a economia da Argentina?
Trump quer evitar que os países da América Latina – com lideranças
como Sheinbaum no México, Lula no Brasil e Petro na Colômbia – avancem
como um bloco nacional-popular. Com a Argentina, seriam quatro países
emergentes do continente muito mais próximos dos BRICS do que dos
Estados Unidos. Para eles é muito importante que Cristina seja presa
para que o peronismo não tenha chances de voltar ao poder.
Para isso, eles colocaram muito dinheiro. Em 11 de abril, o FMI fez
um acordo com o governo argentino. O Secretário do Tesouro dos Estados
Unidos, Scott Bessent, chegou três dias depois ao país para apoiar a
negociação. É escancarado. Como presidente eleito, Milei foi dez vezes
aos Estados Unidos, é o que mais viajou para lá. Nunca tivemos um
presidente argentino tão ligado aos norte-americanos.
Opera Mundi: Como se dá essa ligação?
Leandro Morgenfeld: Milei dá tudo o que eles querem.
Ele descartou um compra de aviões militares chineses já acordada, com
financiamento, para comprar aviões norte-americanos F-16 de um país
europeu, que eram muito mais caros e obsoletos, com mais de 40 anos.
Queda da inflação e do dólar garantem apoio ao governo Milei Reprodução Casa Rosada / Presidência da República Argentina / Wikipedia
Ele outorgou aos Estados Unidos o controle da hidrovia
Paraguai-Paraná, principal canal de comércio fluvial na Argentina. Já
prometeu fazer uma base dos Estados Unidos na Terra do Fogo. Enquanto
isso, Trump impôs tarifas de 50% sobre importações de aço e alumínio, um
dos principais produtos importados da Argentina.
Os Estados Unidos são o único país no mundo que tem votos no FMI,
quando eles dizem “não”, é preciso negociar com o secretário de Estado.
Em 2018, quando Trump era presidente, eles deram 50 bilhões de dólares
para o governo Macri. Hoje, a Argentina é o principal devedor do FMI. Se ela não pagar, o fundo terá problemas, porque devemos mais que os dez seguintes devedores juntos.
Leandro Morgenfeld: Sim, a Argentina, Chile e
Bolívia compõem o triângulo do lítio. São três países que detêm as
reservas mais importantes de lítio do mundo, que é um elemento essencial
para as baterias dos carros elétricos. A questão é se Argentina vai
desenvolver sua própria capacidade de fazer as baterias ou vai apenas
exportar o lítio. Muitas empresas, sobretudo chinesas, têm investimentos
na Argentina, mas também norte-americanas. Há uma disputa importante.
As novas disputas geopolíticas têm a ver com gás e petróleo, mas também com os minerais estratégicos, as chamadas terras raras
[17 minerais de difícil extração], controladas em grande parte pela
China. Quando Trump impôs tarifas delirantes contra a China, ela o
retaliou proibindo a exportação desses minérios para os Estados Unidos.
Esse tipo de disputa é a nova fase das guerras híbridas e
fragmentadas que mencionamos no livro. Nós defendemos que outros países
da região tenham uma política conjunta para explorar esses recursos
estratégicos, para garantir o desenvolvimento tecnológico e a
transferência de tecnologia. Vamos transferir o lítio, mas fazer uma
fábrica em que a metade dos técnicos seja argentinos ou chilenos e
metade de chineses. E que daqui a cinco anos possamos exportar não
somente o lítio, mas bateria de lítio.
Opera Mundi: O que é essa guerra híbrida?
Leandro Morgenfeld: Guerra híbrida é uma guerra onde
há uma dissolução entre a fronteira militar e civil, entre interesse
público e privado, entre o que faz os Estados e as corporações. Nela,
isso tudo se mistura. O que estamos vendo hoje é a dissolução das
mediações políticas. Evidentemente, que o Estado sempre respondeu a
interesses particulares, mas sempre com mediações políticas.
As decisões geopolíticas estão entrelaçadas com as decisões das
grandes corporações. A novidade com Trump é que, agora, as grandes
empresas tecnológicas são diretamente parte do governo. Três dias antes
de assumir a presidência, ele lançou uma moeda digital, uma criptomoeda,
chamada “Trump”. Tempos atrás, fez um jantar em Mar-a-Lago, a sua
segunda Casa Branca, com os 200 maiores compradores dessa moeda.
Agora, ele lançou um celular “Trump”, uma linha própria, supostamente feita nos Estados Unidos, vendido por 500 dólares. Em sua viagem ao Oriente Médio,
o governo do Catar deu a ele de presente um avião de 700 milhões de
dólares, após fazer contratos bilionários em compras de armamento. É uma
corrupção em grande escala, sem preocupações de ser escondida.
Os Estados Unidos pressionam, usam as ferramentas políticas, diplomáticas, meios de comunicação e todo o chamado soft power,
de distintas agências. Além disso, eles detêm o domínio do dólar, do
Fundo Monetário Internacional, são muitas as formas de pressionar um
governo. O lawfare é uma delas. Se você está fazendo coisas que vão
contra os interesses dos Estados Unidos, ou enfrentando certos poderes
transnacionais, é provável que você pague um preço e seja preso, após
ser acusado de corrupção.