sábado, 24 de octubre de 2015

"Argentina: victoria de la oposición puede debilitar los lazos con Brasil"

 

Argentina: vitória da oposição pode enfraquecer laços com o Brasil

Apesar de imbróglios comerciais, especialistas admitem que país de Cristina Kirchner deve manter ligação estratégica com o Brasil



As eleições presidenciais de amanhã podem determinar os rumos das relações entre Argentina e Brasil em um momento delicado para os dois países, que enfrentam retração econômica e forte competitividade comercial. Tanto o candidato oficialista, Daniel Scioli, da coalizão Frente para la Victoria, quanto os opositores Mauricio Macri, da aliança Cambiemos, e Sergio Massa, da frente Unidos por Una Nueva Alternativa (UNA), ressaltam a importância estratégica do Brasil para a Argentina. No entanto, especialistas consultados pelo Correio apostam que os adversários do governo de Cristina Kirchner devem priorizar uma aproximação com os países da chamada Aliança do Pacífico, capitaneada pelos Estados Unidos, em detrimento do vizinho.

As estatísticas evidenciam a crise no comércio bilateral entre as principais nações da América do Sul. Se em 2010 as exportações para a Argentina somavam 9,17% do total de produtos escoados pelo Brasil, no ano passado esse índice despencou para 6,34%. A desvalorização do real, a queda acentuada no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e as restrições cambiais na terra de Cristina levaram o fluxo de investimentos ao mais baixo patamar em cinco anos.

Por telefone, Leandro Morgenfeld, doutor em história e professor de história argentina pela Universidade de Buenos Aires, admitiu que as relações com o Brasil são estratégicas para Buenos Aires, que tem no vizinho o seu maior sócio comercial e o principal destino de suas exportações. “Apesar de todos os candidatos manifestarem a continuidade dos laços bilaterais, Scioli adota uma concepção de que o elo com o Brasil está ligado ao fortalecimento do Mercosul e tem por prioridade uma integração regional e sul-americana”, explica. “Massa e Macri, porém, sustentam que o seu objetivo é aumentar a aproximação com os países que formam a Aliança do Pacífico (bloco formado em 6 de junho de 2012), como Colombia, Peru, Chile e México, os quais seguem modelos econômicos mais abertos e neoliberais.”

Morgenfeld lembra que, no ano passado, Macri mostrou-se favorável às eleições de Aecio Neves (PSDB-MG), enquanto Scioli visitou recentemente a presidente Dilma Rousseff e obteve o aval de Luiz Inácio Lula da Silva em compromissos de campanha, em Buenos Aires. “Se Scioli ganhar as eleições, a relação bilateral deve manter as mesmas características dos últimos anos. Por sua vez, os assessores em política externa de Massa e de Macri defendem a retomada dos tradicionais vínculos com os Estados Unidos e com a Europa, além da aproximação com os países da Aliança do Pacífico. Eles entendem que o Acordo Transpacífico, assinado pelos EUA e por nações da região, é um bom modelo a seguir”, explica. Em contrapartida, os opositores querem o avanço das negociações entre a União Europeia e o Mercosul, algo rechaçado pela Casa Rosada.

Em 13 de outubro passado, Scioli esteve em Brasília, a fim de buscar o apoio de Dilma para uma vitória ainda no primeiro turno. O afilhado político de Cristina Kirchner enfatizou a necessidade de se imprimir todos os esforços necessários na integração comercial e na complementação entre os países. “A Argentina tem a predisposição de trabalhar com o Brasil para buscar novos mercados que potencializem nossas exportações em condições justas”, discursou. À margem do encontro no Planalto, Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, revelou que Dilma classificou a Argentina de “parceiro fundamental”. “É um eixo que nós temos que cultivar aqui na América do Sul, a Argentina e o Brasil”, declarou a presidente, na ocasião.

Conflitos

Scioli, Massa ou Macri, quem vencer as eleições terá que lidar com rusgas comerciais com o vizinho. Segundo Morgenfeld, a desvalorização do real fez com que a Argentina perdesse boa parte do superavit comercial, nos últimos dois anos. “Isso se explica pela queda das importações da China, mas também pela crise do Brasil. A redução do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro repercute por aqui”, admite o especialista argentino. Ele afirma que os setores que mais entraram em confronto com o comércio do Brasil foram aqueles responsáveis por abastecer o mercado interno na Argentina, principalmente a linha branca de eletrodomésticos. “Isso tem pressionado o governo Kirchner a estabelecer distintas cláusulas contra a exploração desse nicho pelo governo brasileiro.”

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